
Esse livro deveria ter caído antes nas minhas mãos, no fim do primeiro grau ou início do segundo (ensinos fundamenal e médio, atual e respectivamente).
É leitura riquíssima, a ser sugerida por educadores de Matemática, Literatura, Língua Portuguesa, Filosofia, História, Geografia. Infelizmente no meu caso não o foi. Não tive a sorte de contar com professores dotados de amplitude intelectual suficiente para reparar nas inúmeras lições deliciosamente narradas em "O Homem que Calculava".
Não conseguirei esgotar aqui as qualidades que reconheci no livro antes mesmo de terminá-lo. Vale destacar as impressões causadas pelo encantamento de tão agradável leitura.
Não gosto de ciências exatas: é uma das tantas crenças que carrego desde não sei quando. Grande equívoco! A partir de certa idade começamos a questionar as crenças mais arraigadas, aquelas que parecem fazer parte do nosso jeito de ser, e não fazem: são apenas crenças embasadas em uma ou outra experiência infantil, no que ouvimos de figuras de autoridade, repetições de verdades falsas.
Uma das grandes queixas de quem está na escola é a suposta ausência de aplicação prática de fórmulas, conceitos e operações matemáticas. Ingênua ilusão. O mundo gira em torno de números, cálculos, formas, medidas, etc. Isso não é bom ou ruim por si; é fato.
O Homem que Calculava apresenta essa realidade de uma maneira desafiadora, além de mostrar a aplicabilidade da Matemática no dia-a-dia. Soluciona a reclamação dos alunos e os instiga a querer saber mais.
Outro aspecto a ser destacado é a interdisciplinaridade inerente ao conteúdo do livro.
Malba Tahan não é um sujeito do Oriente Médio: é o pseudônimo de Júlio César de Melo e Souza, professor brasileiro à frente do seu tempo não só por mostrar a Matemática de modo original, como por agregar indagações relativas a outros ramos do conhecimento. O estudante curioso certamente irá buscar saber mais sobre Alá, Islamismo, Alcorão, costumes, geografia, hábitos, cultura e demais características do Médio Oriente; enriquecerá seu vocabulário e ficará intrigado com os questionamentos filosóficos não só sobre as crenças a que me referi acima, como sobre a própria existência.
Não é uma leitura exaustiva, um tratado de matemática, tampouco um manual didático.
É mais do que isso, porque toca diretamente na vontade que as pessoas têm de conhecer, aprender, saber mais. Mexer na base, nos valores é o seu principal diferencial.
Lamento por não ter lido antes, fico feliz por estar lendo agora.
É uma jóia!
Um comentário:
O que torna mais interessante mesmo, é poder ouvir suas considerações sobre o livro pessoalmente! :)
Falando sério, acho que todo o ensino nunca é voltado para a curiosidade. Eu, assim como você (e você sabe), tenho aversão à matemática. Mas vi muita gente com aversão à língua portuguesa, inglês, história, geografia, matérias que sempre gostei.
E como você bem cita, parece que o tempo sempre nos ajuda a quebrar esses paradigmas. Nesse meu querer de entender o universo, acabei vendo o quanto me faz falta entender o mínimo de física, química, biologia e... matemática.
Que possamos fazer um bom trabalho com quem nos rodeia! :)
Beijos!!!
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