terça-feira, 7 de julho de 2009

Cuidado com o que você lê, vê, ouve...

Tenho acompanhado a imprensa anunciar como verdade incontestável que houve um golpe de Estado em Honduras.

É mentira!

Quem procurar a Constituição de Honduras (agora é fácil de encontrar até mesmo em português) verá que Manuel Zelaya está longe de ser a vítima pintada pela mídia.

A ideia dele era realizar um referendo para possibilitar sua reeleição - o que a Constituição proíbe.

Quem "incitar, promover ou apoiar o continuísmo ou a reeleição do Presidente da República" perde a qualidade de cidadão. A atitude também está descrita como delito de traição à Pátria. Foi o que aconteceu com Zelaya.

O Judiciário declarou o referendo ilegal. O chefe do Exército, cumprindo a Constituição, não entregou as urnas e foi destituído do cargo pelo Presidente, sendo posteriormente reconduzido pelo Judiciário. Zelaya disse que não acataria a decisão judicial.

Resultado: Zelaya foi preso. Roberto Michelleti, presidente do Congresso, assumiu em seu lugar, como determina a ordem constitucional hondurenha.

Golpe haveria se o referendo se realizasse, uma vez que é proibido pela Constituição.
Golpe haveria se o desejo do Presidente se sobrepusesse ao comando constitucional.
Golpe haveria se a desobediência civil prevalecesse sobre o Estado de Direito.

O Exército agiu em defesa da Constituição. Associar "exército" com "golpe" ou " ditadura" é fruto de desinformação (ou de informação mal-intencionada).
Em novembro haverá eleições em Honduras. Torço para que o atual Presidente resista às pressões internacionais e se mantenha no cargo até a escolha popular.
Ditaduras e golpes, sejam de direita ou de esquerda, não são instrumentos justos para se alcançar o poder.

Em tempo: o que a mídia tem mostrado sobre o caso é revoltante. Um exemplo que me ocorreu agora (chegou a ser risível) foi a cobertura dada pelo Fantástico da tentativa de pouso do avião de Zelaya em Honduras. A câmera filmou os manifestantes bem de perto (para parecerem muitos) e disse que eram " milhares". Duvido!

Os jornais brasileiros de maior repercussão noticiam "golpe", referem-se ao "presidente deposto" (coitadinho!), e não explicam detalhadamente o que de fato acontece.

Portanto, cautela.

2 comentários:

Fabiano disse...

Aí quando perguntam porque não exerço minha profisão, não entendem. :)

Melhor fica com meus bits e bytes e deixar isso pra lá.

Aliás, muito bem posto, meu amor! Só fiquei sabendo disso porque me falou. )

Beijos!!!

Cíntia - @horas_vagas disse...

T.T ando tão ausente de noticias que nem sabia disso >.<