Tenho acompanhado a imprensa anunciar como verdade incontestável que houve um golpe de Estado em Honduras.
É mentira!
Quem procurar a Constituição de Honduras (agora é fácil de encontrar até mesmo em português) verá que Manuel Zelaya está longe de ser a vítima pintada pela mídia.
A ideia dele era realizar um referendo para possibilitar sua reeleição - o que a Constituição proíbe.
Quem "incitar, promover ou apoiar o continuísmo ou a reeleição do Presidente da República" perde a qualidade de cidadão. A atitude também está descrita como delito de traição à Pátria. Foi o que aconteceu com Zelaya.
O Judiciário declarou o referendo ilegal. O chefe do Exército, cumprindo a Constituição, não entregou as urnas e foi destituído do cargo pelo Presidente, sendo posteriormente reconduzido pelo Judiciário. Zelaya disse que não acataria a decisão judicial.
Resultado: Zelaya foi preso. Roberto Michelleti, presidente do Congresso, assumiu em seu lugar, como determina a ordem constitucional hondurenha.
Golpe haveria se o referendo se realizasse, uma vez que é proibido pela Constituição.
Golpe haveria se o desejo do Presidente se sobrepusesse ao comando constitucional.
Golpe haveria se a desobediência civil prevalecesse sobre o Estado de Direito.
O Exército agiu em defesa da Constituição. Associar "exército" com "golpe" ou " ditadura" é fruto de desinformação (ou de informação mal-intencionada).
Em novembro haverá eleições em Honduras. Torço para que o atual Presidente resista às pressões internacionais e se mantenha no cargo até a escolha popular.
Ditaduras e golpes, sejam de direita ou de esquerda, não são instrumentos justos para se alcançar o poder.
Em tempo: o que a mídia tem mostrado sobre o caso é revoltante. Um exemplo que me ocorreu agora (chegou a ser risível) foi a cobertura dada pelo Fantástico da tentativa de pouso do avião de Zelaya em Honduras. A câmera filmou os manifestantes bem de perto (para parecerem muitos) e disse que eram " milhares". Duvido!
Os jornais brasileiros de maior repercussão noticiam "golpe", referem-se ao "presidente deposto" (coitadinho!), e não explicam detalhadamente o que de fato acontece.
Portanto, cautela.
2 comentários:
Aí quando perguntam porque não exerço minha profisão, não entendem. :)
Melhor fica com meus bits e bytes e deixar isso pra lá.
Aliás, muito bem posto, meu amor! Só fiquei sabendo disso porque me falou. )
Beijos!!!
T.T ando tão ausente de noticias que nem sabia disso >.<
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