quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cotidiano


Descendo:

Senhor, fazei com que ninguém entre no elevador enquanto levo o lixo, amém!

Voltando:

Obrigada, Senhor, porque ninguém entrou no elevador enquanto eu levava o lixo, amém!

...

Senhor, fazei com que ninguém entre e me veja com esses cabelos desgrenhados, cara de louca, chinelos e camiseta do Guns n´Roses, amém!

Entrando em casa:

Obrigada, Senhor, porque voltei a salvo dos olhares e narizes dos vizinhos enquanto levava o lixo, amém!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Música e o que me importa - Parte I

Estava pensando nest post nos últimos dias. Ele chega até a ser bobo, parece aquelas listinhas de adolescentes, mas achei que valia à pena compartilhar.

Passaram pela minha cabeça as bandas, músicos, compositores que realmente me influenciaram e mudaram alguma coisa em mim. Não é apenas gostar, sentir vontade de ouvir. Mas de causar transformação ou atingir fortemente minha vida. Algo como um, "top ten", do que a música representou pra mim.
The Doors
U2
The Smiths
John Coltrane
Johaness Brahms
Carl Nielsen
Gustav Mahler
Ludwig Van Beethoven
Charles Mingus
REM
Sonny Rollins
Miles Davis
Frank Sinatra
Johnny Hartman





terça-feira, 21 de julho de 2009

Ornette Coleman: Dancing in my Head




Lembro daquela série "Ken Burns: Jazz", que achei realmente muito boa, apesar dum certo desprezo pelos artistas do West and Cool. Não lembro de ter visto muita coisa sobre Chet Baker, Gerry Mulligan, Stan Getz ou a influência da Bossa Nova no jazz (não que eu goste de bossa nova, mas isso é outra história). Mas me chamou a atenção os músicos do chamado "Free Jazz". Se lembro bem, falava da influência de John Coltrane em todo o movimento e depois falava algo sobre os músicos. E o grande expoente era senho da foto, Ornette Coleman. Ficou muito claro em toda a série e pelos CDs lançados, quem eram, para Ken Burns, os grandes músicos do jazz. E para ele, Coleman era. Considerado um dos grandes saxofonistas do jazz, faltava vir a coragem de ouvir Free Jazz. Sim, eu ainda tenho medo de free jazz. Assim como música clássica moderna, eu sempre tive medo de música dissonante, aquela que parece que nada encaixa.
Mas aí, buscando na internet músicas do temido Ornette Coleman, encontrei uma chamada "Science Fiction". Coloquei para tocar e aquela balbúrdia de sons, aquela mistura que mais parecia aquele trecho caótico de "A Day in the Life" dos Beatles, me deixou hipnotizado. Essa sensação de hipnose, com jazz, aconteceu poucas vezes que lembro. "Olé", do Coltrane, "Solo Dancer" de "Stop! Look" And Listen, Sinner Jim Whitney (The Black Saint the Sinner Lady)", de Charles Mingus vem à cabeça. E de repente, o Free Jazz se abriu na minha mente.
Estava assistindo alguns vídeos de jazz com a pequena no YouTube (não que ela tenha gostado muito disso), e resolve procurar por Coleman. Aí, achei este aqui. Fantástico.
Fiquei paralisado quando ouvi esta "Theme From a Symphony", de tão deliciosa que é. É aquele tipo que se sugere a alguém que pergunta por onde começar a ouvir determinado estilo.
Decidi baixar uma coleção de CDs deste músico incrível, e como parte do pacote veio o álbum chamado "Dancing in Your Head". Apesar de não ser Free Jazz, é um baita de um fusion, uma mistura de jazz e rock das mais dançantes. São 4 faixas apenas, sendo que são apenas 2 músicas e uma versão de cada uma.
Foi ouvindo essa música que descobri que Ornette Coleman não é apenas saxofonista, mas também toca guitarra, trumpete, flugelhorn, e como Art Blakey, valorizou e ajudou a desenvolver jovens músicos. E à parte de toda a controvérsia se sua música era realmente música e se seu jazz era realmente jazz, lá estava ele, se divertindo, tocando um monte de instrumentos e vendo o público dançar. Quantos artistas de jazz podem se vangloriar disso?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Loucos por Livros?

Confesso que tinha outra visão da Discovery Kids. Realmente achava que era um canal educativo, que as crianças poderiam ficar assistindo tranquilamente, uma espécie de "refresco" para pais atarefados. Via meu sobrinho assistindo e no máximo achava o conteúdo "chato", por não ser voltado para pessoas da minha idade.

Mas após ter que encarar o canal diariamente, minha percepção mudou. Tirando os tremeliques que me dão quando ouço a voz do Barney ou o gritinho da abertura de "Princesas do Mar", vejo a Discovery Kids como um canal pseudo-educativo.

Longe de mim arrogar conhecimentos em pedagogia, mas parece que qualquer desenho que tente passar uma lição de moral ou ensinar qualquer coisa é considerado educativo. Aí não importa muito o que é passado ou como. Importa é que estamos "educando" nossos filhos.

Hoje, não quero falar dos desenhos em si, mas da hipocrisia de uma campanha chamada "Loucos por Livros". Sinceramente, um canal de TV falando de leitura soa comoque dizendo: "Ah, estamos fazendo nossa parte, falando para as crianças lerem. Agora, se eles não desligam a televisão, não é problema nosso...". Quero ver mesmo é falarem para desligar a TV, mais ou menos como faz a MTV.

Não que a MTV também esteja querendo que as pessoas deixem de consumir seu produto, mas ao menos faz mais sentido. A DK desata a colocar comerciais falando sobre leitura, mas parece não bater em muitos os casos. Mostram comerciais de desenhos que falam sobre "imaginação" e tentam vincular isso à leitura. Mostram os programas falando de livros, como Barney, Will e Dewitt e outros, mas não conseguem colocar vínculos fortes entre o conteúdo de seus desenhos com o ato de ler.

Qual a relação de um desenho chamado "Willa e os Animais", que fala sobre uma garota que tem vários bichos em casa com ler? Ou ainda, a "Garota Supersábia", que tem a palavra certa para cada situação com este hábito? É realmente forçar demais e criar uma campanha apenas para dizer que eles fazem a parte deles, que eles estão preocupados com as crianças, mas com a quantidade de brinquedos vinculados a certos programas, como "Backyardigans", "Charlie e Lola", "Lazy Town", além de desenhos baseados em brinquedos, como "Little People" (sim, eu sei que os brinquedos são bem antigos, década de 60), como ter certeza das intenções?

De minha parte, televisão só de vez em quando e quando não tem jeito de dar atenção mesmo. Se não gostar de ler, o que eu duvido, com as influências, que pelo menos vá arrumar mais que fazer. O que não quero é minha pequena sendo educada por um canal que de repente tem arroubos de conscientização. Arroubos, que como sabemos, são totalmente desinteressados.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Apenas uma observação

Uso smiles e emoticons. São bonitinhos, engraçados, agilizam a comunicação como exigem os mecanismos utilizados, enfim, têm seu valor.

Por outro lado, imbecilizam a escrita, uma vez que deixamos de usar os recursos disponíveis na Língua Portuguesa para colocar uma "carinha" no lugar.

Chegará o dia em que os teclados não terão letras, mas:
:)
:(
:/
tb
pq
qdo
\o/ (adoro esse!)
hehehe
rsrsrsrs
huahaua
kkkkkk

Não saberemos mais expressar ideias e emoções com ponto de exclamação, interrogação, ponto final, interjeições, onomatopeias, etc.

Os emoticons serão elevados à categoria de ideogramas ocidentais.

Assustador? Muito!

Profético?

Tomara que não!

sábado, 11 de julho de 2009

O Homem que Calculava


Esse livro deveria ter caído antes nas minhas mãos, no fim do primeiro grau ou início do segundo (ensinos fundamenal e médio, atual e respectivamente).

É leitura riquíssima, a ser sugerida por educadores de Matemática, Literatura, Língua Portuguesa, Filosofia, História, Geografia. Infelizmente no meu caso não o foi. Não tive a sorte de contar com professores dotados de amplitude intelectual suficiente para reparar nas inúmeras lições deliciosamente narradas em "O Homem que Calculava".

Não conseguirei esgotar aqui as qualidades que reconheci no livro antes mesmo de terminá-lo. Vale destacar as impressões causadas pelo encantamento de tão agradável leitura.

Não gosto de ciências exatas: é uma das tantas crenças que carrego desde não sei quando. Grande equívoco! A partir de certa idade começamos a questionar as crenças mais arraigadas, aquelas que parecem fazer parte do nosso jeito de ser, e não fazem: são apenas crenças embasadas em uma ou outra experiência infantil, no que ouvimos de figuras de autoridade, repetições de verdades falsas.

Uma das grandes queixas de quem está na escola é a suposta ausência de aplicação prática de fórmulas, conceitos e operações matemáticas. Ingênua ilusão. O mundo gira em torno de números, cálculos, formas, medidas, etc. Isso não é bom ou ruim por si; é fato.

O Homem que Calculava apresenta essa realidade de uma maneira desafiadora, além de mostrar a aplicabilidade da Matemática no dia-a-dia. Soluciona a reclamação dos alunos e os instiga a querer saber mais.

Outro aspecto a ser destacado é a interdisciplinaridade inerente ao conteúdo do livro.

Malba Tahan não é um sujeito do Oriente Médio: é o pseudônimo de Júlio César de Melo e Souza, professor brasileiro à frente do seu tempo não só por mostrar a Matemática de modo original, como por agregar indagações relativas a outros ramos do conhecimento. O estudante curioso certamente irá buscar saber mais sobre Alá, Islamismo, Alcorão, costumes, geografia, hábitos, cultura e demais características do Médio Oriente; enriquecerá seu vocabulário e ficará intrigado com os questionamentos filosóficos não só sobre as crenças a que me referi acima, como sobre a própria existência.

Não é uma leitura exaustiva, um tratado de matemática, tampouco um manual didático.

É mais do que isso, porque toca diretamente na vontade que as pessoas têm de conhecer, aprender, saber mais. Mexer na base, nos valores é o seu principal diferencial.

Lamento por não ter lido antes, fico feliz por estar lendo agora.

É uma jóia!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Comerciais idiotas 1

Link para o comercial: http://www.youtube.com/watch?v=XFPq7MmfR5Q&feature=PlayList&p=8690242986A7EF02&playnext=1&playnext_from=PL&index=4

Um comercial com fortes toques oníricos é o das Havaianas. Parece a narração daqueles sonhos sem sentido, nos quais pessoas improváveis surgem em locais absurdos, agindo de um jeito totalmente desprovido de sentido. O comercial é assim:

Uma roda de boteco onde um dos participantes é o Marcos Palmeira(!).

Está uma cantoria e de repente chega uma mulher repreendendo o pessoal que estava cantando enquanto o mundo passa por uma crise. A criatura está indignada, se achando "A" politizada do momento e subliminarmente chamando os bebuns que estão ali se divertindo de alienados.

Notem que lugar de bebum é no boteco mesmo, onde ativista político não aparece discursando porque não seria ouvido e seria tachado no mínimo de desmancha-prazeres.

No sonho comercial, o pessoal 1) para de se divertir 2) deixa a mulher falar 3) escuta a chata 4) baixa a cabeça como se estivesse achando a intervenção dela muito oportuna.

Cabisbaixos, envergonhados por estarem se distraindo durante uma crise econômica, um deles lamenta: "Tristeza..." Os companheiros abrem um sorriso, Marcos Palmeira (de novo!) começa a batucar com um par de Havaianas (?????), e continuam "por favor vai embora/ minha alma que chora..."

A pergunta que não quer calar: QUEM BATUCA COM CHINELO DE BORRACHA???? Que som tem um chinelo de dedo batendo no outro?

Afffffffffffffff

Pequena nota 1

Pais que agridem os filhos, seja qual for a maneira que usam para fazê-lo, são tolos.

Esquecem-se de que crianças crescem e, quando crescidas, lembram das agressões - que às vezes causam marcas indeléveis em seus espíritos.

Não sejam covardes. Não caiam no erro de olhar apenas para o momento presente, como se os filhos fossem ser para sempre crianças.

Eles crescem e o retorno é certo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Quebrando juramento

Jurei que não iria escrever sobre Michael Jackson. Aqui estou, diante da perplexidade pela qual fui tomada.

A vida e a figura dele sempre me pareceram bem tristes. A morte dele, porém, está indo muito além do mau gosto.

Apresentadoras noticiando os "SORTUDOS" que ganharam "INGRESSOS PARA O FUNERAL"!!!!

Peraí: desde quando funeral precisa de ingresso? desde quando a presença de alguém em um funeral é passível de sorteio? desde quando quem "ganha" num sorteio desses é sortudo? Mórbido demais pro meu gosto! Bizarríssimo!

Para completar o "show de horrores" (trocadilho?), um show MESMO, com artistas cantando e tal, no mesmo palco que o caixão com o morto dentro!!!!
Acho que vou vomitar!!!

O mundo parece ter se esquecido de que há o corpo de uma pessoa ali, já que o ícone suplantou o caráter humano do indivíduo.

Não sou uma fã, mas sou uma pessoa.

Que depois do circo, ele descanse em paz!

Cuidado com o que você lê, vê, ouve...

Tenho acompanhado a imprensa anunciar como verdade incontestável que houve um golpe de Estado em Honduras.

É mentira!

Quem procurar a Constituição de Honduras (agora é fácil de encontrar até mesmo em português) verá que Manuel Zelaya está longe de ser a vítima pintada pela mídia.

A ideia dele era realizar um referendo para possibilitar sua reeleição - o que a Constituição proíbe.

Quem "incitar, promover ou apoiar o continuísmo ou a reeleição do Presidente da República" perde a qualidade de cidadão. A atitude também está descrita como delito de traição à Pátria. Foi o que aconteceu com Zelaya.

O Judiciário declarou o referendo ilegal. O chefe do Exército, cumprindo a Constituição, não entregou as urnas e foi destituído do cargo pelo Presidente, sendo posteriormente reconduzido pelo Judiciário. Zelaya disse que não acataria a decisão judicial.

Resultado: Zelaya foi preso. Roberto Michelleti, presidente do Congresso, assumiu em seu lugar, como determina a ordem constitucional hondurenha.

Golpe haveria se o referendo se realizasse, uma vez que é proibido pela Constituição.
Golpe haveria se o desejo do Presidente se sobrepusesse ao comando constitucional.
Golpe haveria se a desobediência civil prevalecesse sobre o Estado de Direito.

O Exército agiu em defesa da Constituição. Associar "exército" com "golpe" ou " ditadura" é fruto de desinformação (ou de informação mal-intencionada).
Em novembro haverá eleições em Honduras. Torço para que o atual Presidente resista às pressões internacionais e se mantenha no cargo até a escolha popular.
Ditaduras e golpes, sejam de direita ou de esquerda, não são instrumentos justos para se alcançar o poder.

Em tempo: o que a mídia tem mostrado sobre o caso é revoltante. Um exemplo que me ocorreu agora (chegou a ser risível) foi a cobertura dada pelo Fantástico da tentativa de pouso do avião de Zelaya em Honduras. A câmera filmou os manifestantes bem de perto (para parecerem muitos) e disse que eram " milhares". Duvido!

Os jornais brasileiros de maior repercussão noticiam "golpe", referem-se ao "presidente deposto" (coitadinho!), e não explicam detalhadamente o que de fato acontece.

Portanto, cautela.