
Lembro daquela série "Ken Burns: Jazz", que achei realmente muito boa, apesar dum certo desprezo pelos artistas do West and Cool. Não lembro de ter visto muita coisa sobre Chet Baker, Gerry Mulligan, Stan Getz ou a influência da Bossa Nova no jazz (não que eu goste de bossa nova, mas isso é outra história). Mas me chamou a atenção os músicos do chamado "Free Jazz". Se lembro bem, falava da influência de John Coltrane em todo o movimento e depois falava algo sobre os músicos. E o grande expoente era senho da foto, Ornette Coleman. Ficou muito claro em toda a série e pelos CDs lançados, quem eram, para Ken Burns, os grandes músicos do jazz. E para ele, Coleman era. Considerado um dos grandes saxofonistas do jazz, faltava vir a coragem de ouvir Free Jazz. Sim, eu ainda tenho medo de free jazz. Assim como música clássica moderna, eu sempre tive medo de música dissonante, aquela que parece que nada encaixa.
Mas aí, buscando na internet músicas do temido Ornette Coleman, encontrei uma chamada "Science Fiction". Coloquei para tocar e aquela balbúrdia de sons, aquela mistura que mais parecia aquele trecho caótico de "A Day in the Life" dos Beatles, me deixou hipnotizado. Essa sensação de hipnose, com jazz, aconteceu poucas vezes que lembro. "Olé", do Coltrane, "Solo Dancer" de "Stop! Look" And Listen, Sinner Jim Whitney (The Black Saint the Sinner Lady)", de Charles Mingus vem à cabeça. E de repente, o Free Jazz se abriu na minha mente.
Estava assistindo alguns vídeos de jazz com a pequena no YouTube (não que ela tenha gostado muito disso), e resolve procurar por Coleman. Aí, achei este aqui. Fantástico.
Fiquei paralisado quando ouvi esta "Theme From a Symphony", de tão deliciosa que é. É aquele tipo que se sugere a alguém que pergunta por onde começar a ouvir determinado estilo.
Decidi baixar uma coleção de CDs deste músico incrível, e como parte do pacote veio o álbum chamado "Dancing in Your Head". Apesar de não ser Free Jazz, é um baita de um fusion, uma mistura de jazz e rock das mais dançantes. São 4 faixas apenas, sendo que são apenas 2 músicas e uma versão de cada uma.
Foi ouvindo essa música que descobri que Ornette Coleman não é apenas saxofonista, mas também toca guitarra, trumpete, flugelhorn, e como Art Blakey, valorizou e ajudou a desenvolver jovens músicos. E à parte de toda a controvérsia se sua música era realmente música e se seu jazz era realmente jazz, lá estava ele, se divertindo, tocando um monte de instrumentos e vendo o público dançar. Quantos artistas de jazz podem se vangloriar disso?
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